Grupo protesta contra espera por cirurgia devido à falta de anestesistas no Hospital Robertos Santos

Um grupo de cerca de 20 familiares de pessoas internadas no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), no bairro do Cabula, se reuniu em frente à unidade de saúde durante a manhã desta segunda-feira (23), para protestar contra a falta de anestesistas. Maior hospital público da Bahia em atendimento de média e alta complexidade, o HGRS sofreu, em dezembro, uma redução de 50% no quadro de residentes em anestesiologia, quatro dias após a denúncia por funcionários do próprio hospital.

Vinda do município de Bonito, na Chapada Diamantina, a lavradora Mônica Miranda, de 25 anos, já leva quase sete meses em Salvador, em busca de tratamento de um tumor cerebral para seu filho, Heitor, de apenas 4 anos. A primeira cirurgia, para a retirada do tumor, foi realizada no Roberto Santos, em julho, e o menino foi transferido para o Aristides Maltez, onde daria continuidade ao procedimento, o que acabou não acontecendo.

“Então, o tumor voltou, e ele foi transferido pra cá [Roberto Santos], de urgência, no dia 6 desse mês. […] Eles marcaram a cirurgia pra sexta-feira [20]. Ele ficou de dieta praticamente o dia todo, e eles só chegaram pra mim e falaram que não deu pra fazer”, contou Mônica, que disse ter sido informada de que uma nova tentativa de marcação será feita nesta semana. ”Os filhos da gente ficam como cobaia. Meu filho tá começando a ficar com dificuldade de andar e não tá conseguindo sentar”, indignou-se a mãe de Heitor.

Cansado de esperar uma medida por parte do hospital, o gerente administrativo Tiago Paixão, 34 anos, entrou com uma liminar para tentar garantir que sua esposa, Edilma, 42, há mais de 40 dias internada, fizesse uma cirurgia de remoção de cálculo renal. “Eu cansei de ir na diretoria, na assistência social e na ouvidoria, que me disse que tem mais de cem queixas e que isso já é desde novembro”, desabafou Tiago.

Mesmo assim, Edilma ainda não foi atendida. “Ela foi colocada de ‘dieta zero’ na quinta-feira e ficou até as 15h da tarde do dia seguinte pra fazer a cirurgia, e não fez”, relatou o homem. “Ela só ficou sabendo que não iria fazer porque ela mesma foi procurar a enfermeira-chefe, que disse que houve uma situação [de emergência] e que o anestesista não era pra atender a parte de urologia”, acrescentou ele.

Abaixo-assinado

Um abaixo-assinado que já conta com mais de 40 assinaturas será entregue, pelo grupo, à diretoria do hospital. Por meio do documento, é solicitada “a regularização das cirurgias de cálculo renal e outros procedimentos que não estão ocorrendo por falta de anestesista”. “Na segunda-feira passada [16], eu estive lá na diretoria. Eles disseram que iam entrar em contato comigo, e, até o dia de hoje [ontem], a gente não recebeu nenhuma resposta”, queixou-se Tiago Paixão.

Abaixo-assinado que será enviado à diretoria do hospital já conta com mais de 40 assinaturas (Foto: Marcos Felipe Soares/CORREIO)

Unidade nega desassistência

Procurado pela reportagem, o Hospital Geral Roberto Santos afirmou, por nota, que “no Diário Oficial de 15 de dezembro de 2022, foi publicada uma portaria que atualiza a remuneração dos anestesiologistas não só no HGRS, mas também no HGE e Hospital Geral Ernesto Simões Filho” e que foi aberto credenciamento para novos profissionais. “Dessa forma, a Sesab está trabalhando para ampliar o número de anestesiologistas”.

“Reforçamos que a escala de anestesiologistas do HGRS possui profissionais durante 24h em todos os dias da semana, apesar de a unidade não estar com o quadro completo nessa especialidade. Portanto, não há desassistência”, frisou o hospital.

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