Salvador tem enfrentado um preocupante aumento nos ataques a ônibus, com nove veículos incendiados apenas em 2024, número próximo ao registrado em todo o ano de 2023, quando 10 coletivos foram queimados. A capital baiana contabiliza um prejuízo superior a R$ 9 milhões devido à perda total dos veículos destruídos pelas chamas, sendo um dos episódios mais graves a destruição de um ônibus elétrico na Avenida Suburbana, que sozinho causou um prejuízo de R$ 2 milhões.
A maioria dos ataques tem sido realizada como forma de protesto após ações policiais em áreas periféricas da cidade. Um exemplo recente ocorreu em 14 de outubro, quando um ônibus da linha Estação Mussurunga-Cajazeiras 8 foi incendiado na Avenida Paralela, em resposta à morte de um morador do Bairro da Paz durante uma operação policial. Apenas dois dias depois, outro ônibus foi alvo de incêndio no bairro do IAPI, dessa vez em protesto pela morte do jovem Alex Hilton, de 18 anos.
A Secretaria Municipal de Mobilidade relata que a perda desses veículos impacta diretamente o tempo de espera dos usuários e a qualidade do serviço de transporte público. Embora remanejamentos sejam feitos, nem sempre é possível suprir a demanda, prejudicando a mobilidade na cidade.
Criminalidade e Policiamento
Além do prejuízo financeiro e social, a crescente violência associada aos incêndios levanta questões sobre a atuação das forças de segurança. De acordo com o Observatório da Mobilidade de Salvador, entre 2012 e 2022, quase 700 ônibus deixaram de circular na cidade, e a redução da frota afeta a população, que já sofre com a depreciação do transporte público.
Para combater essa onda de criminalidade, a Polícia Militar da Bahia, sob o comando do Coronel Paulo Coutinho, tem intensificado as ações em áreas críticas da cidade. “Estamos presentes em todas as regiões, com policiamento ostensivo e preventivo. Nossa missão é garantir a segurança da população”, afirmou o coronel, destacando o trabalho integrado com outras forças de segurança.
Recentemente, a Secretaria de Segurança Pública lançou a Operação Horos, mobilizando 120 policiais e 30 viaturas para reforçar o patrulhamento nas áreas mais afetadas pelos crimes violentos. “A operação visa coibir crimes violentos contra o patrimônio e a vida, especialmente nas regiões onde há confronto entre facções criminosas”, explicou o Secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner.
A população, no entanto, ainda vive com medo. Apesar das iniciativas das autoridades, muitos bairros continuam sofrendo com a violência, incluindo tiroteios que resultam na interrupção de serviços essenciais, como o transporte público. Em um incidente recente, os ônibus da linha de Cajazeiras 11 foram retirados de circulação após um tiroteio, voltando apenas após o reforço do policiamento.
Impacto Social e Desafios
A situação em Salvador reflete um problema nacional. Até agosto de 2024, foram registrados 52 ônibus incendiados em todo o Brasil, de acordo com dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o que equivale a um coletivo queimado a cada quatro dias no país. A escalada de violência no transporte público está diretamente ligada ao aumento dos índices de criminalidade e às manifestações contra a atuação das forças de segurança.
Enquanto a polícia intensifica as operações e reforça a presença nos bairros mais afetados, o desafio de garantir a segurança pública e a mobilidade urbana em Salvador permanece. O governo estadual, segundo o coronel Paulo Coutinho, continua investindo na formação de novos policiais e na aquisição de viaturas, mas ainda há um longo caminho para conter a violência que atinge diretamente o cotidiano dos cidadãos baianos.
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